Sob total sigilo e cautela absoluta. O povo costuma dizer “debaixo de sete chaves”, numa precaução historicamente inexistente.
Essa expressão foi originada em referência às “quatro chaves”. As arcas de segredo, destinadas a guardar documentos, ouro, jóias, desde o séc. XIII em Portugal, eram de madeira sólida e com quatro fechaduras de ferro. Cada chave ficava sob a responsabilidade de um alto funcionário; às vezes o próprio Rei era um dos detentores de uma das chaves.
Assim, só seria possível abrir a arca de segredo com a presença e colaboração dos quatro detentores das respectivas chaves. O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte possui uma dessas caixas de segredo, outrora do Senado da Câmara de Natal, na primeira metade do séc. XVIII.
Debaixo de quatro chaves defendia-se a total reserva nas garantias da responsabilidade material e moral. Da tradicional “quatro chaves” popularizou-se “sete chaves” por ser um número cabalístico e que sempre seduziu a imaginação popular. Exs: hidra de sete cabeças, serpente de sete línguas, botas de sete léguas.
Fonte: Cascudo, Câmara. Locuções Tradicionais do Brasil. São Paulo, Global, 2004. p. 292
Postado por Sonia Valerio da Costa, em 06/10/2010
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