A palavra portuguesa “Páscoa” é usada para designar a festa dos judeus que, no hebraico, é chamada ‘Pesach’, que significa “saltar por cima”, “passar por sobre”. Esse nome surgiu em face da tradição de que o anjo da morte, ou anjo destruidor, “passou por sobre” as casas assinaladas com o sangue do cordeiro pascal, quando ele matou os primogênitos dos egípcios (Êx. 12:21-37). Essa foi a última das pragas que se tornaram necessárias para convencer o Faraó de permitir que Israel saísse do Egito, após 430 anos de escravidão naquele país. Portanto, a páscoa assumiu o sentido de livramento ou libertação, e o próprio êxodo foi a concretização dessa libertação. A Páscoa passou a ser a primeira das três grandes festas anuais celebradas pelos judeus.
Um acontecimento tão importante como aquele, que deu origem à nação de Israel, não poderia ser ignorado pelo Novo Testamento da Bíblia, vejamos:
- A morte de Cristo, que ocorreu exatamente no período da páscoa, sempre foi considerada um evento capital para os primeiros cristãos, e daí por diante, durante todo o cristianismo, Jesus é chamado de nosso “Cordeiro pascal” (ver I Cor. 5:7-8).
- A ordem de não ser partido nenhum osso do cordeiro pascal foi aplicada por João às circunstâncias da morte de Jesus Cristo (Êx. 12:46 e Jo. 19:36), pelo que foi estabelecido um vínculo entre os dois eventos, fazendo com que o primeiro fosse um símbolo do segundo.
- O cristão (tal como os antigos israelitas) deve por de lado o antigo fermento do pecado, da corrupção, da malícia e da desobediência, substituindo pelos pães asmos da sinceridade e da verdade.
- A última ceia é exposta nos evangelhos como uma refeição pascal. O evangelho de João (18:28 e 19:14) apresenta o fato de que a refeição foi tomada antes da celebração, e Jesus foi crucificado ainda naquele mesmo dia, lembrando que para os judeus, o dia começava às 18h00.
- O êxodo cristão. Não deveríamos esquecer desse aspecto. A páscoa do Antigo Testamento, marcava o começo de uma saída da escravidão. Assim também em Cristo, encontramos um êxodo que nos liberta da velha vida escravizada pelo pecado. O êxodo cristão oferece a todos os homens a libertação do pecado, bem como a outorga do Reino da Luz, onde impera perfeita liberdade. (Gl. 4:4-6, Rom. 8:29, II Ped. 1:4, Col. 2:10, Hb. 11:10)
Hoje a Páscoa é uma das festas mais importantes dos povos cristãos, porque celebra a ressurreição de Jesus Cristo, três dias após sua morte na cruz. Ele veio trazer vida e quer que todos nós a tenhamos em abundância, não apenas enquanto vivermos nesta vida, mas também na eternidade. Por isso a Páscoa é a festa da vida e da alegria. (I Coríntios 5:7-8 e João 10:10b)
É importante também registrarmos aqui, a Quaresma, que é o período de 40 dias que antecede a Páscoa, e que é contado desde a Quarta-feira de Cinzas, até a véspera da Páscoa. O jejum pré-pascal, a princípio era bem curto, de apenas 40 horas, mas foi se ampliando gradualmente, para incluir a Semana Santa, quando se jejuava a décima parte de um ano e, finalmente, ampliou-se para 40 dias, e permanece assim até os dias atuais. O tempo de apenas 40 horas de jejum, tinha por base o número de horas que Cristo passou da morte à ressurreição. A observância da Quaresma, conforme atualmente é praticada, data de cerca do século IX d.C.
Presentear as pessoas com ovos de Páscoa é uma tradição anterior ao Cristianismo e ligada ao culto da fertilidade. Na China e nos países da Europa Central, comemoravam a entrada da Primavera e a exuberância da vida; para tanto trocavam presentes entre si e ofereciam ovos pintados, de madeira ou de cera. Hoje, o costume é pintar ovos cozidos de galinha. Com o passar do tempo apareceram os ovos e coelhos de chocolate, que fazem a alegria, tanto das crianças, quanto dos adultos.
Bibliografia:
CHAMPLIN, Russell Norman, PH.D. Enciclopedia de Bíblia Teologia e Filosofia. 9.ed. São Paulo, Hagnos, 2008. v. 5
Sonia Valerio da Costa
03/04/2010 – atualizado em 06/04/2017

