Em comemoração à Semana do Folclore, dia 21/08/2010, Victor Batista esteve na Biblioteca Pública Prof. Arnaldo Magalhães de Giácomo, fazendo uma apresentação cantada, de diversos “causos” populares do Estado de Minas Gerais. Transcrevo aqui, um deles, pois além de encerrar uma lição de moral, é bastante divertido:
“O Velho, O Menino e O Burro”
(Veja também em versão poética)
“O burrico vinha trotando pela estrada.
De um lado vinha o velho, puxando o cabresto.
Do outro vinha o menino, contente, que o dia estava fresquinho e o sol brilhava no céu.
Sentados no barranco estavam dois homens.
No que viram o burro mais o velho e o menino, um cutucou o outro:
– Veja só, compadre! Que despropósito! Em vez do velho montar no burro, vem puxando ele!
O velho e o menino se olharam.
Assim que viraram na primeira curva, o velho parou o burro e montou nele.
O menino segurou o cabresto e lá se foram os três, muito satisfeitos.
Até que perto da ponte tinha uma casa com uma mulher na janela.
– Olha só, Sinhá, venha ver o desfrute! O velho no bem-bom, montado no burro, e o pobre do menino gramando a pé!
O velho e o menino se olharam de novo.
Assim que saíram da vista da mulher, o velho desceu do burro e botou o menino na sela.
E foram andando um pouco ressabiados, o velho puxando o burro pelo cabresto, pensando no que o povo podia dizer.
Logo logo, passaram numa porteira onde estava parada uma velha mais uma menina.
– Mas que absurdo, minha gente! Um velho que nem se agüenta nas pernas andando a pé, e o guri, bem sem-vergonha, escanchado no burro!
Os dois se olharam e nem esperaram.
O velho mais que depressa montou na garupa do burro e lá se foram os três.
Dali a pouco encontraram um padre que vinha pela estrada mais o sacristão:
– Olha só, que pecado, onde é que já se viu? O pobre do burro, coitadinho, carregando dois preguiçosos! Mas isso é coisa que se faça?
O velho e o menino, desanimados, desmontaram e nem discutiram:
saíram carregando o burro.
Mas nem assim o povo sossegou!
Cada vez que passavam por alguém, era só risada!
– Olha só os dois burros carregando o terceiro!
Quando chegaram em casa, o velho sentou cansado, se assoprando:
– Bem feito! — ele dizia. — Bem feito!
– Bem feito o quê, vô?
– Bem feito pra nós. Que a gente já faz muito de pensar pela própria cabeça, e ainda quer pensar pela cabeça dos outros.
Agora eu sei por que é que meu pai dizia:
Quem quer agradar a todos a si próprio não faz bem!
Pois só faz papel de burro e não agrada a ninguém!”
Extraído de: “Histórias Infantis”
Outra moral extraída de “Ideal Dicas”: “Não podemos dedicar atenção irracional para as críticas, pois estas acontecerão sempre, independente da maneira em que procurarmos agir.”
Postado por Sonia Valerio da Costa
Em: 22/08/2010