Este termo surgiu como forma de rotular um grupo de pessoas que, inconformadas com o destino político que o Brasil está se enveredando, começaram a expor entranhas sociais, políticas e ideológicas, até então, muitas delas, desconhecidas pela sociedade brasileira. Na teoria, gabinete do ódio, seria uma forma de manifestação verbal de ódio, com o fim de atacar e ofender pessoas, autoridades e instituições, subvertendo a ordem democrática e incentivando a ruptura da normalidade institucional.
Lendo um pouco sobre este assunto, e à luz da Palavra de Deus, acabei chegando ao entendimento de que o ódio é um sentimento humano, gerado nos corações, como consequência de ciúmes, iniquidade, cobiça, falta de perdão, falta de generosidade, falta de arrependimento e, principalmente, falta de perdão. O ódio é uma expressão da incapacidade de fazer, ter, ser ou estar no lugar do outro.
Para um melhor entendimento dessa questão, quero recordar alguns fatos históricos bíblicos, onde o ódio provocou brigas, desentendimentos, separações e até mesmo morte.
Um exemplo clássico de ódio é a história de Caim e Abel; Caim sentiu ciúme de Abel, quando Deus rejeitou sua oferta, e depois aceitou a de seu irmão Abel. O melhor que Caim deveria ter feito, era procurar saber o porquê que Deus havia rejeitado a sua oferta, mas precipitadamente, por ódio provocado pelo ciúme, decidiu cometer o primeiro homicídio. A atitude de Caim não mudou a opinião divina quanto à sua oferta, mas acabou piorando ainda mais o seu relacionamento com Deus. (Gn. 4)
Vamos lembrar também da história de José, que quando ainda era adolescente, por ingenuidade, compartilhou seus sonhos com seus irmãos e com seus pais. Esses sonhos suscitaram ciúme nos irmãos de José, o que gerou um ódio tão profundo em seus corações, que decidiram matá-lo para que aqueles sonhos não viessem a acontecer. Com medo da justiça divina, decidiram vender José para uns ismaelitas que por ali passavam e, para acobertar o feito, mentiram a Jacó seu pai, dizendo que José tinha sido morto por um animal selvagem. Essa atitude não inviabilizou os planos de Deus de fazer de José o governador do Egito. Com sabedoria divina, José pode preservar tanto a vida dele, quanto a de sua família e de seus descendentes, quando a fome assolou o Egito. Os irmãos de José tiveram que reconhecer e se arrepender de suas maldades e, depois de pedirem perdão ao seu irmão, também puderam usufruir do alimento que o Egito armazenara para aquele tempo de escassez. (Gn. 37, 39-47)
Vamos lembrar também quando Davi foi ovacionado pelas mulheres, quando derrotou o gigante Golias. Esse fato despertou um ciúme mortal no coração do Rei Saul que, ao invés de ser grato, por Davi ter derrotado o inimigo de Israel, começou a nutrir ódio em seu coração, o que o levou a perseguir Davi afim de matá-lo, pois entendeu que Davi seria o próximo Rei de Israel. Esse ódio levou Saul a cometer desatinos governamentais e o desvario levou-o à morte. (1 Sm. 17-31)
Daniel também foi um jovem que, por sua fidelidade em servir o Deus de Israel, sofreu perseguição, ciúme e ódio por parte dos políticos da Babilônia que não se conformavam que um cativo de Israel, pudesse ser designado para ser governador de uma de suas províncias. Se organizaram e induziram o Rei Dario para criar uma lei que viesse a incriminar Daniel. O castigo seria a cova dos leões. Daniel não abriu mão dos seus princípios e de sua crença em Deus; assim, foi jogado na cova dos leões, mas Deus enviou anjos que fechou a boca daqueles animais e, no dia seguinte, o próprio Rei foi verificar se Daniel ainda estava vivo. Ao constatar que nada de mal havia acontecido com Daniel, o Rei Dario ordenou que fossem lançados na cova dos leões, os mesmos homens que o haviam acusado. (Dn. 6)
E por que não mencionar o homem mais amado e ao mesmo tempo mais odiado pela humanidade, que é Jesus Cristo? Jesus, o Deus encarnado foi amado e ovacionado por seus seguidores, mas também odiado pelos fariseus e saduceus que ficaram enciumados com a Sua popularidade e, principalmente, porque eles eram confrontados dentro das próprias leis que eles diziam praticar. Esse ódio conseguiu perverter Judas Iscariotes a trair Jesus, permitindo Sua condenação e crucificação. Nesta situação, apesar de Deus ter podido livrar Seu Filho Jesus daquela condenação, não o fez, pois era Seu plano para salvar e redimir a humanidade. (Jo. 3:16) De qualquer forma, Judas poderia ter se arrependido e buscado o caminho do perdão e não o caminho do suicídio.
Analisando as diferentes situações relatadas, concluímos que nutrir ódio por outrem, sempre produziu consequências desastrosas e imprevisíveis, além do quê, a Bíblia compara o ódio com o homicídio (1 Jo. 3:15). Apenas o perdão e o amor ao próximo poderão nos preservar de invadirmos a liberdade do nosso semelhante. “Portanto, tudo quanto quereis que as pessoas vos façam, assim fazei-o vós também a elas, pois esta é a Lei e os Profetas” (Mt. 7:12).
Por Sonia Valerio da Costa
Em 02/08/2020
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